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Quartas do Pensamento: Quem Controla o Algoritmo, Controla a Realidade?

Você já se perguntou até que ponto os algoritmos moldam a sua visão de mundo?

Na era digital, os algoritmos não apenas selecionam o que vemos, mas também moldam como pensamos e agimos. Quem controla essas ferramentas tem em mãos o poder de direcionar narrativas, influenciar comportamentos e até interferir em decisões políticas. Esse cenário torna-se ainda mais preocupante quando os responsáveis pelo desenvolvimento e controle dessas tecnologias também ocupam posições estratégicas na política, como Elon Musk.

Musk, dono do X (antigo Twitter) e líder em avanços de inteligência artificial, exemplifica como os interesses econômicos, tecnológicos e políticos podem se entrelaçar.

Tal como enfatiza Latour (2005), as redes sociotécnicas não são neutras: elas carregam as intenções de seus criadores, que moldam os sistemas segundo interesses próprios, muitas vezes disfarçados de avanços para o bem comum.

No entanto, a relação entre algoritmos e política é ainda mais profunda. A política é o principal meio de regular o poder dessas ferramentas tecnológicas. Quem detém a capacidade de influenciar os algoritmos possui não apenas o controle sobre o que as pessoas consomem online, mas também uma voz ativa na formulação das leis que deveriam limitar esse poder. Assim, surge uma questão ética urgente: é justo permitir que os donos dessas tecnologias tenham tamanha influência em campanhas políticas ou na formulação de políticas públicas?

A reflexão de Bourdieu (2001) sobre poder simbólico ajuda a compreender esse dilema. Ele aponta que quem domina os meios de produção e difusão simbólica detém também o poder de modelar a percepção coletiva. Aplicado ao contexto atual, isso significa que os algoritmos – desenhados para priorizar determinados conteúdos – operam como ferramentas de poder simbólico, moldando crenças e decisões em escala global.

Ao mesmo tempo, a estrutura algorítmica pode se tornar um espaço de manipulação sutil e contínua, mascarada por uma suposta neutralidade tecnológica. Essa dinâmica pode ameaçar a democracia, pois concentra em poucas mãos o poder de moldar tanto a realidade percebida quanto as regras que governam essa realidade.

Se os algoritmos moldam a realidade e a política regula os algoritmos, como garantir que essa relação não seja explorada para interesses privados? Como sociedade, precisamos de mais transparência, regulamentação e controle público sobre essas ferramentas, evitando que o jogo democrático seja manipulado por aqueles que já controlam o campo econômico e tecnológico.

Deixe sua opinião nos comentários: você acredita que a tecnologia está fortalecendo ou corroendo as bases da democracia?

Essa é mais uma Quartas do Pensamento, oferecida pela ToMoveCom. Continue acompanhando para reflexões instigantes.

Referências:
  • BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
  • LATOUR, Bruno. Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory. Oxford: Oxford University Press, 2005.

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