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Anora: Mais um Sonho da Cinderela

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No filme Anora, assistimos ao embate brutal entre duas realidades: de um lado, a protagonista, cuja existência é pautada na sobrevivência; do outro, um homem que, dotado de status e privilégio, busca apenas satisfação passageira. Quando suas trajetórias se cruzam, nasce a ilusão do conto de fadas. Mas o que acontece quando a magia se dissipa e o “príncipe” revela sua verdadeira face?

A Desigualdade de Necessidades

Zygmunt Bauman (2001) fala sobre o amor líquido e como as relações modernas são marcadas pelo consumo. No caso de Anora, vemos um extremo dessa dinâmica: enquanto para um o relacionamento é um jogo, para o outro é uma questão de sobrevivência.

Pierre Bourdieu (1983) nos alerta sobre como o capital simbólico e econômico influenciam a dinâmica entre indivíduos de diferentes estratos sociais, e é exatamente essa desigualdade que torna a protagonista vulnerável a uma relação abusiva.

O Machismo e a Ilusão do Príncipe Encantado

A sociedade historicamente preparou as mulheres para encontrar um “salvador”, um homem que garantiria sua segurança financeira e emocional. Simone de Beauvoir (1949) em O Segundo Sexo argumenta que essa narrativa perpetua a dependência e a subjugação das mulheres, levando muitas a caírem em armadilhas emocionais que comprometem sua autonomia. Em Anora, essa fantasia se desfaz de maneira cruel, revelando os riscos de esperar que um “príncipe” resolva todos os problemas.

O Trauma e a Decepção

A protagonista não apenas enfrenta um abismo social, mas também um trauma psicológico profundo. A ilusão do amor se transforma em uma relação de dominação, onde sua necessidade de afeto e estabilidade é manipulada para atender ao egoísmo do outro. Freud (1920) explica que o trauma psicológico ocorre quando as expectativas de um indivíduo são brutalmente quebradas, gerando frustração e um sentimento de impotência. A protagonista de Anora enfrenta exatamente essa realidade: ao perceber que seu suposto “salvador” não passa de um oportunista, a dor da decepção se torna quase insuportável.

A Prisão Invisível do “Príncipe”

Curiosamente, aquele que se passa por “príncipe” também está preso. Mas sua prisão não é a pobreza, e sim a moralidade corrompida. Friedrich Nietzsche (1887), em A Genealogia da Moral, discute como aqueles que ocupam o topo da hierarquia social muitas vezes perdem a capacidade de empatia e se tornam prisioneiros de sua própria decadência moral. Em Anora, vemos como o status não é sinônimo de liberdade; pelo contrário, pode ser uma jaula invisível, na qual o privilégio destrói a humanidade.

A Única Pessoa que Pode te Salvar é Você

Se há uma lição valiosa em Anora, é esta: ninguém virá te salvar. O mito da princesa resgatada pelo príncipe nada mais é do que uma armadilha de dominação e dependência. A verdadeira força vem de dentro, da capacidade de se reerguer e construir o próprio destino.

Se um dia você pensar que alguém vai te salvar, cuidado. Esse pensamento é uma armadilha e pode te custar caro. No final, a única pessoa que pode mudar sua história é você mesma.


Não perca esse brilhante filme! Apesar de não ser uma obra digna de um Oscar, Anora traz uma reflexão poderosa sobre desigualdade, manipulação e os perigos da ilusão romântica. Vale a pena assistir!

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Referências Bibliográficas:

BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1949.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1983.

FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. Rio de Janeiro: Imago, 1920.

NIETZSCHE, Friedrich. A Genealogia da Moral. São Paulo: Companhia das Letras, 1887.

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