Inovar deixou de ser apenas sinônimo de crescimento ou disrupção tecnológica. Em um cenário de colapso ambiental e desigualdade estrutural, inovação passou a significar também regenerar, reaproveitar e redistribuir. Os modelos de negócio circulares respondem a essa urgência com uma proposta: transformar o fim em começo, o resíduo em recurso e o consumo em consciência.
Trata-se de repensar os negócios não só para gerar valor econômico, mas também valor cultural, ambiental e social. Isso exige uma escuta profunda das mudanças de comportamento, da pressão regulatória e, principalmente, das novas expectativas do consumidor contemporâneo: mais ético, informado e engajado.

Do insight à intenção: o ponto de partida circular
O primeiro passo para desenvolver um modelo circular é ressignificar o problema. Em vez de partir da lógica clássica de “como vender mais”, a pergunta muda: como gerar valor com menos impacto e mais significado?
Aqui, o design estratégico entra como mediador entre os desejos do consumidor e os desafios do planeta. É a partir dessa tensão criativa que surgem os insights. E para que eles virem intenção estratégica, é necessário entender o ciclo completo do produto — da extração à devolução — e onde há possibilidade de ruptura, reconexão ou reinvenção.
Modelos circulares não são modelos prontos
Ao contrário do que se pensa, modelos de negócio circulares não são “receitas de bolo”. Eles são arquiteturas dinâmicas que exigem adaptação cultural, análise de contexto e abertura à experimentação. Podem envolver locação em vez de posse, uso compartilhado, logística reversa, plataformas peer-to-peer ou novos modelos de assinatura.
De acordo com BORSCHIVER et al. (2021), existem seis tipos predominantes de modelos de negócios circulares: extensão da vida útil, reúso, remanufatura, recuperação de recursos, produtos como serviço e plataformas colaborativas. Cada um desses modelos exige transformações distintas nas cadeias de produção, distribuição e consumo.
Cocriação e empatia como ferramentas centrais
Em um modelo circular, não existe inovação sem escuta. O consumidor precisa ser coautor do sistema: ele deve entender, participar e se engajar. Isso só é possível com cocriação real, o que exige metodologias abertas, linguagem acessível e canais de escuta contínuos.
A antropologia aplicada aqui atua como radar de sentidos, valores e tensões culturais. Porque uma inovação só vira hábito quando faz sentido para o corpo, para o bolso e para o imaginário coletivo. Sem isso, o modelo é apenas idealizado — e não praticado.
Prototipar para testar circularidade
Uma etapa essencial no design de negócios circulares é a fase de prototipagem. Pequenos testes ajudam a validar hipóteses, identificar barreiras e corrigir rota com agilidade. Isso vale tanto para o produto quanto para o modelo de relacionamento com o consumidor ou a cadeia de fornecimento.
Adotar uma mentalidade iterativa — planejar, testar, escutar, ajustar — é essencial para quem trabalha com modelos de negócio circulares. A circularidade não é um ponto de chegada, mas um processo de aprendizado contínuo que exige flexibilidade e escuta ativa.
Métricas que importam
Medir impacto em modelos circulares exige indicadores diferentes dos tradicionais. Não basta olhar apenas para ROI, CAC ou número de vendas. É preciso mapear redução de resíduos, reuso de materiais, engajamento do consumidor, geração de renda em comunidades e economia de carbono, entre outros.
Essas métricas devem estar alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos princípios do ESG, transformando a comunicação de valor da marca em ação concreta, transparente e mensurável.
A cultura da regeneração começa na estratégia
Não se faz economia circular com campanha de marketing. Faz-se com decisão estratégica. Isso significa repensar desde o modelo de negócio até a governança, o posicionamento e a forma como a marca se relaciona com o mundo. Circularidade é cultura organizacional.
É nesse ponto que as áreas de branding, sustentabilidade, inovação e comunicação precisam trabalhar juntas — e não em silos. O impacto é coletivo ou não será.

A ToMoveCom como parceira na transição circular
Na ToMoveCom, atuamos na convergência entre estratégia, comunicação, antropologia e impacto social. Ajudamos empresas a redesenhar seus modelos de negócio com foco em sustentabilidade, inovação centrada nas pessoas e regeneração ambiental.
Utilizamos metodologias híbridas, pesquisa qualitativa, mapeamento cultural e escuta ativa para traduzir o desafio da circularidade em soluções práticas, desejáveis e escaláveis. Fale com a gente e comece agora sua jornada para um futuro mais circular, inclusivo e sustentável.
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Referência:
BORSCHIVER, S.; TAVARES, A. S. (Org.). Catalisando a economia circular: conceitos, modelos de negócios e sua aplicação em setores da economia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2021.