Na atualidade, os dados são abundantes, a capacidade de imaginar futuros se tornou um diferencial competitivo. O storytelling — especialmente aquele baseado em ficção científica — deixa de ser um artifício narrativo e passa a ser um dispositivo estratégico. Não apenas para entreter, mas para provocar, antecipar, criar empatia e simular contextos possíveis. Em tempos de crise climática, transformação digital e disputas éticas sobre a IA, a ficção especulativa se torna aliada para pensar o impensável.
O futuro não é um dado — é uma construção. E como toda construção, ele começa nas narrativas que escolhemos contar. Na ToMoveCom, entendemos que o storytelling de ficção científica é uma tecnologia cultural com poder de hackear lógicas dominantes e abrir espaço para outros imaginários: mais inclusivos, éticos, regenerativos e criativos.

IA, cultura e as ficções que nos programam
Toda tecnologia carrega uma visão de mundo. A inteligência artificial, embora pareça neutra, é construída por humanos — e humanos projetam valores, medos, mitos e esperanças em suas criações. Como nos lembra o artigo Inteligência Artificial e sociedade: avanços e riscos, os algoritmos são treinados com dados enraizados em contextos sociais, históricos e simbólicos. Ou seja, a IA reproduz ficções — muitas vezes excludentes, normativas, autocentradas.
A ficção científica, quando bem usada, ajuda a questionar esses códigos ocultos. Pode simular distopias, mas também utopias alternativas. Pode prever riscos, mas também sugerir soluções regenerativas. Pode, sobretudo, abrir a imaginação estratégica das equipes e dos líderes para novos cenários, novos produtos, novas possibilidades éticas.
Contar o futuro para transformá-lo
Utilizar storytelling especulativo em campanhas, pesquisas ou processos de inovação não é uma licença poética: é uma metodologia de deslocamento. Ao contar um cenário possível — seja ele em 2035 ou 2080 — colocamos os interlocutores diante de dilemas futuros. Isso ativa o que chamamos de “empatia temporal”: a capacidade de se projetar no tempo e experimentar emoções, decisões e consequências em contextos que ainda não existem.
Essa técnica pode ser aplicada em testes de aceitação de produtos, mapeamento de futuros desejáveis, educação ambiental, consultoria ESG e até processos de diversidade corporativa. A ficção científica não é sobre naves espaciais. É sobre ressignificar o agora por meio do amanhã.
Dora Kaufman e a imaginação como ato político
Na palestra de Dora Kaufman sobre IA e diversidade, um ponto-chave é ressaltado: a tecnologia do futuro precisa ser construída com pluralidade desde o presente. E isso começa nas narrativas que autorizamos circular. Se continuarmos projetando o futuro com base em modelos de dominação, exclusão e vigilância, é esse futuro que virá.
Storytelling especulativo pode ser um antídoto. Pode imaginar sistemas descentralizados, algoritmos que cuidam da saúde de comunidades periféricas, IA como ferramenta de reconstrução ecológica ou educação. Narrativas assim expandem o horizonte de ação e ampliam a noção de possível.
Pesquisas com futuro embutido
Na ToMoveCom, temos aplicado o storytelling de ficção científica como ferramenta em pesquisa de mercado, planejamento estratégico e branding social. Ao integrar metodologias qualitativas com protótipos narrativos, conseguimos capturar não apenas a opinião das pessoas, mas os desejos silenciosos, os receios futuros, os valores em disputa.
Uma entrevista de profundidade ganha outra potência quando, ao final, perguntamos: “Imagine que estamos em 2040 e você olha para trás… O que teria mudado em sua relação com marcas, consumo, cuidados e tecnologia?”. As respostas, além de emocionais, são brutalmente reveladoras.
Comunicação que antecipa cenários
Em campanhas, o storytelling sci-fi pode ser usado para comunicar inovações, engajar causas complexas ou criar letramento tecnológico em públicos diversos. Isso vale para ONGs, marcas com propósito, empresas B e instituições públicas.
Um bom roteiro futurista pode ilustrar os impactos sociais de uma decisão de hoje. Pode mostrar o que acontece com um território quando práticas regenerativas são adotadas — ou quando não são. Pode dar voz a avós do futuro, comunidades indígenas conectadas por IA, crianças que aprendem a preservar o planeta antes de ler.
Não é ficção: é método
Hackear o futuro é mais do que imaginar. É usar a imaginação como dispositivo de construção social. E a comunicação tem papel central nesse processo. Por isso, aplicar storytelling de ficção científica não é uma fuga da realidade — é um jeito radical de encará-la, confrontá-la e reprogramá-la.

Marcas que se conectam com futuros éticos e desejáveis tendem a ser mais respeitadas, lembradas e acionadas. O futuro já começou. Só precisamos escolher qual história queremos contar.
Vamos construir futuros que valem a pena?
A ToMoveCom é uma agência que combina antropologia, comunicação estratégica, pesquisa de mercado e criatividade com propósito. Trabalhamos com narrativas que transformam, dados que escutam e estratégias que respeitam a diversidade e o planeta.
Se você quer usar a imaginação como diferencial competitivo e o futuro como ferramenta de ação, conte com a gente.
ToMoveCom – Criando conexões que transformam seu dia a dia.
Referências:
SICHMAN, Jaime Simão. Inteligência Artificial e sociedade: avanços e riscos. Estudos Avançados, v. 35, n. 101, p. 181-197, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2021.35101.004.
KAUFMAN, Dora. IA, ética e diversidade. [S. l.], 2021. Disponível em: https://youtu.be/hZVXc4KCT04. Acesso em: 21 maio 2025.